domingo, 27 de setembro de 2020

Semana do Idoso: “A alegria de viver é maior que a minha deficiência física” Leandro da Veiga

A Semana do Idoso conta hoje em primeira mão a história do senhor Leandro Lopes da Veiga (76 anos), residente no bairro de Ponta d Água, cidade da Praia. Este idoso integra o grupo de cinquenta idosos do projecto Viva Idosos, iniciativa do Movimento Jovens Pela Paz. Toty como é carinhosamente chamado conta que apesar das tristes experiências vividas, não perdeu a alegria de viver, pois o que lhe torna especial é ter conseguido ultrapassar as dificuldades e hoje se considerar um “vitorioso”. 

Toty não chegou a conhecer o pai que faleceu quando este tinha apenas 3 anos, como se não bastasse a dor, veio a perder a mãe aos 11 anos. As recordações dos pais são quase que inexistentes. Uma vez órfão, ficou ao da cuidado da irmã mais velha com quem emigrou-se para São Tomé de onde veio belas recordações. Com apenas 12 anos já trabalhava na roça com os adultos.

Apesar disso senhor Leandro recorda que na sua mocidade tudo foi “suave, seguro, muito bom”. Um belo dia encontrou a mulher da sua vida com quem veio a casar-se e teve quatro filhos, sendo três destes já falecidos. 

Orgulhosamente adianta que trabalhou como pedreiro de “primeira”. Infelizmente em 2015 um acidente de carro veio lhe pôr fim a sua profissão. Tudo parou em Abril deste ano quando depois de um dia cansativo de trabalho, ao regressar á casa juntamente com outros colegas resolveram aceitar uma boleia de um desconhecido. Ao tentar subir na parte traseira da viatura e ainda sem ter colocado o pé dentro, o condutor “apressado”arrancou o carro tendo-lhe provocado uma queda partindo a perna direita. 

Apesar das tentativas para recuperar a perna, dois anos depois ainda sofria com terríveis dores e não havendo outra solução acabou por ser amputado tendo sido obrigado precocemente a pôr fim a sua profissão que tanto amava e se orgulha até hoje.

Sem poder trabalhar para sua família senhor “Toty” passou por muitas dificuldades e diz ter sofrido preconceito por parte dos próprios familiares e vizinhos. Contudo este homem de “fibra” não se deixou abalar pelas experiências negativas. A vida continuou “graças a Deus” diz ele com muita saúde pois apesar da deficiência física não sofre de nenhuma patologia. 

Com fôlego e alegria de viver, a luta continuou para Leandro que decidiu que apesar da perda da perna direita ainda lhe restava os membros superiores e com estes resolveu optar pela sapataria como seu ganha-pão. 

Infelizmente o destino reservou muitas dores a este sapateiro que em finais de 2019 perdeu a esposa tendo ficado a viver com o único filho.  

Este viúvo lamenta o facto de ser pedreiro, mas não poder arranjar o seu “tecto” que hoje cai aos pedaços. 

No final da entrevista este filho de Santa Catarina de Santiago, sem meios financeiros e temendo o pior, apela a sociedade e instituições competentes a apoiá-lo na remodelação da sua humilde habitação já absoleta. 


Por Cláudia Santos


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