quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Um olhar sobre a velhice

 Delimitar velhice através de conceituações não é algo fácil, pois requer um conhecimento amplo de como os idosos estão inseridos no processo de construção social. A velhice, do ponto de vista biológico, é percebida como um desgaste natural das estruturas orgânicas que, com isso, passam por transformações com o progredir da idade, prevalecendo os processos degenerativos.

Tentar definir velhice usando apenas a visão biológica é cair num erro de demarcação meramente cronológica, tratando-se a população idosa de forma homogênea, não levando em consideração aspectos importantes do contexto sociocultural em que os idosos estão inseridos.

Uchôa et al.14(2002) que o envelhecimento é vivido de modo diferente de um indivíduo para o outro, de uma geração para outra e de uma sociedade para outra. Segundo Debert8 (1999), a velhice foi tratada a partir da segunda metade do século XIX como uma etapa da vida caracterizada pela decadência e pela ausência de papéis sociais.

No imaginário social, o envelhecer está associado com o fim de uma etapa; é sinônimo de sofrimento, solidão, doença e morte. Dificilmente neste imaginário se vê algum prazer de viver essa fase da vida. O negativismo em torno do processo de envelhecimento foi construído historicamente na sociedade. Segundo Scott13 (2002), a sociedade constrói diferentes práticas e representações sobre a velhice. Afirmam Heck & Langdon9(2002) que o processo do envelhecimento apresenta variações construídas socialmente nos diferentes grupos sociais, de acordo com a visão de mundo compartilhada em práticas, crenças e valores.

Para tentar definir velhice, é importante a contribuição de outras áreas do conhecimento, que levem em consideração as diferenças socioculturais em que os idosos vivem. Segundo Minayo e Coimbra Jr 11(2002), existe uma necessidade de desnaturalizar o fenômeno da velhice e considerá-la uma categoria social e culturalmente construída.

Recentemente, a visão sobre a velhice como fator orgânico foi perdendo força, e a velhice e o envelhecimento passaram a constituir objetos de reflexão da antropologia. A abordagem antropológica
sobre a velhice visa a transcender particularismos culturais e encontrar alguns traços comuns do fenômeno que poderiam ser considerados universais. Segundo Uchôa et al.14 (2002), a antropologia deve interrogar sobre o papel de fatos socioculturais mais gerais na construção de uma representação da velhice arraigada nas idéias de deterioração e perda.

Muitos estudos mostram que a velhice é tratada como um problema social (político e/ou de saúde). Afirmam Minayo e Coimbra Jr11 (2002) que no imaginário social a velhice sempre foi pensada como uma carga econômica, tanto para a família quanto para a sociedade, e como uma ameaça à mudança. Esta noção tem levado a sociedade a negar a seus idosos o direito de decidir o próprio destino. O que é uma exceção quando se fala do papel de respeito que o pajé tem em sua comunidade, bem como o idoso poderoso e rico na nossa sociedade.

A representação que os outros têm da velhice, como perda da autonomia, leva a um estigma de que o idoso é um problema social. O olhar do outro em relação à velhice é um olhar estigmatizado e negativizado. Mas será que esses idosos se vêem como um problema? O que eles pensam a respeito da estigmatização que lhe é imposta? Segundo Minayo e Coimbra Jr.11(2002), a visão depreciativa dos idosos tem sido alimentada pela ideologia produtivista que sustentou a sociedade capitalista industrial, na qual predomina a visão que se uma pessoa não é capaz de trabalhar e ter renda própria, não serve para uma comunidade ou país.

Tratar o envelhecimento como um problema social é um profundo desrespeito com aqueles que construíram e sustentaram uma sociedade, com seu poder de decisão e autonomia. E hoje, mesmo não querendo delegar seu direito de decisão a outros, suas opiniões são descartadas e eles são tratados como um encargo para a sociedade.

Fonte : SciELO Press Releases

Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia


quarta-feira, 6 de outubro de 2021

Iniciativa Viva Idosos comemora Dia Internacional do Idosos com roda de conversa


A propósito do Dia Internacional do Idoso, assinalado a 1 de Outubro, dia que representa uma importante ocasião para homenagear os idosos e sensibilização para as oportunidades e desafios colocados pelo envelhecimento da população, a iniciativa Viva Idosos realizou, neste sábado dia 02 de outubro uma roda de conversa com os idosos integrantes do projeto.

O Dia Internacional do Idoso é comemorado anualmente a 1 de Outubro, uma data para relembrar e apreciar o papel essencial desempenhado pelos avós, pais, tias e tios que orientaram, inspiraram e fizeram sacrifícios pelas suas famílias e comunidades. O nosso profundo respeito pelos idosos.

A psicóloga Vitória Monteiro deixou um apelo a uma maior atenção, amor e proteção dos idosos.

Na sequência do evento que decorreu no Centro Multiuso de Alto Safende, idosos fizeram avaliação positiva entendendo que antes esta população não era valorizada, mas que atualmente sentiram mudanças o que lhes dão maior vontade de viver.

Durante as atividades os idosos participaram de sessão de pintura, momento de convivência e de partilha.

O lema escolhido para este ano é, “Equidade digital para todas as idades”, uma vez que muitos idosos não têm acesso a cuidados de saúde facilitados pelas tecnologias, nem podem participar em atividades sociais proporcionadas por essas ferramentas.


Papel do idoso na sociedade atual. Será que estamos a caminhar para uma sociedade inclusiva das pessoas da terceira idade?

 

O papel dos idosos está sempre em constante mudança, variando de cultura para cultura, ao longo das diferentes épocas. Mas, na verdade, apesar de poderem ser menos fortes, as pessoas mais velhas são, sem dúvida, um oceano de experiência e sabedoria que podem servir como exemplo para gerações mais novas.

Aliás, atualmente, as pessoas idosas desempenham um papel fundamental na transmissão de valores e na preservação de tradições, pois, são eles os guardiões de uma rica herança cultural.

Felizmente, os tempos estão a mudar e as novas gerações estão a ser ensinadas a cultivar o respeito pelos mais velhos, com o objetivo de proteger as gerações mais antigas. No fundo, a ideia de aprender com os outros e cada vez mais apreciada pela nossa sociedade e esperamos que se prolongue por muitos anos.

Será que estamos a caminhar para uma sociedade inclusiva das pessoas da terceira idade?

Embora ainda haja um número significativo de idosos que vivem em condições menos favoráveis, a verdade é que, nos últimos anos, em Cabo Verde muitas forças vivas têm-se esforçado para melhorar esta situação.