sexta-feira, 27 de novembro de 2020

O idoso e a família nos dias de hoje


Infelizmente a nossa sociedade veicula a velhice com finitude. Muito se vê na mídia a falta de espaço que o idoso tem na comunidade. O descaso acontece em todos os sectores: social, familiar, emocional e cuidados com a saúde, onde pouco se faz.

Apesar da existência do estatuto do idoso com o objectivo de garantir uma melhor qualidade de vida para as pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, buscando assegurar direitos para a saúde, lazer, educação, prioridades em atendimentos públicos ou privados, infelizmente, muitas vezes esses direitos não são garantidos, seja por falta de informação ou por falta de respeito ao idoso.

Um dos factores que estão ligados directamente ao bom envelhecimento é o ambiente familiar, pois representa um importante papel na vida do idoso. Nela acontecem as interacções, se fundamentam os vínculos, onde cada membro busca exercer o seu papel respeitando a individualidade do outro.

Os vínculos sociais e emocionais se fazem necessários para assegurar uma estabilidade emocional deste idoso.

Em pesquisa realizada com idosos que moram com suas famílias, apontou-se que quando a qualidade afectiva em relação à família foi óptima (14 idosos) e boa (46 idosos) estes apresentaram uma menor dependência emocional e actividades de lazer; em contrapartida os idosos que avaliam como regular (16 idosos) e péssima (um idoso) a qualidade afectiva em relação à família, se mostram com um grau alto de dependência emocional.

Essa dependência emocional faz com que o idoso se fragilize, onde as relações ficam num patamar introspectivo. A afectividade da família para com o idoso é de suma importância para a sua estabilidade emocional.

O idoso tem vontade própria. A comunidade e a família tem que estar atenta aos anseios, angústias, desejos; no qual quase nunca são questionados e respeitados. 

Num ritmo frenético, a vida actual traz um novo modelo de formato familiar, menor número de filhos, o que pode acarretar a diminuição aos cuidados com os pais, e mulheres actuando no mercado de trabalho, reduzindo assim o tempo que ficaria em casa para cuidar desse idoso. Todas essas questões passam despercebidas e o idoso acaba ficando isolado e “fora” do planejamento das actividades quotidianas de um círculo familiar.

Com o aumento da expectativa de vida, a nossa sociedade ainda não se preparou para receber essa nova demanda. As famílias procuram uma actividade que ocupe o idoso sem se preocupar se ele está interessado em coisas que “ocupem o seu tempo”.

O importante aqui é ressaltar o seu bem-estar e resgatar sua dignidade, valorizando suas qualidades e atributos onde possa ainda contribuir com o meio em que vive, respeitando suas vontades.


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